ESCOLA E.B. 2,3 PROF. ANTÓNIO PEREIRA COUTINHO

29
Mai 12

     Ontem realizou-se, no CREM, a tão esperada FINAL do Concurso de Leitura.

     No segundo período houve uma primeira fase, onde estiveram presentes trinta e seis alunos do 5º e 6º anos, ou seja, dois por turma. Desses concorrentes passaram à final onze.

     Ontem ninguém faltou à chamada e todos vieram disputar o Concurso. Os resultados serão conhecidos em breve.

     Desta vez, os alunos finalistas tiveram que ler dois textos diferentes, um narrativo e um poema. Aqui fica um excerto da obra "O Romance da Raposa" de Aquilino Ribeiro...

 

     Em O Romance da Raposa o que se conta é a vida aventurosa de uma raposa chamada Salta-Pocinhas. Começa assim:
   «Havia três dias e três noites que a Salta-Pocinhas - raposeta matreira, fagueira, lambisqueira - corria os bosques, farejando, batendo mato, sem conseguir deitar a unha a outra caça além de uns míseros gafanhotos, nem atinar com abrigo em que pudesse dormir um sonhinho descansado. Desesperada de tão pouca sorte, vinham-lhe tentações de tornar para casa dos pais, onde, embora subterrânea, a cama era mais quente e segura que em castelo de rei, e onde nunca faltava galinha, quando não fosse fresca, de conserva, ou então coelho bravo, acabado de degolar.» 


      O rigor e o desembaraço da linguagem, tantas vezes capaz de mostrar que a coloquialidade até pode ser a mais elevada forma de escrita, e sempre a sabedoria do povo em cada página, é o que se encontra n' O Romance da Raposa. Com a magia da efabulação do mestre Aquilino, a imaginação delirante e expressões que vão resistindo à passagem do tempo («quem não trabuca não manduca»).

 

AQUILINO RIBEIRO

     Aquilino Ribeiro nasceu em 1885, na Beira Alta, e faleceu em Lisboa em 1963. A família procurou levá-lo a seguir a vida eclesiástica, chegando a fazê-lo estudar no seminário, mas a ausência de vocação levou-o a abandonar os estudos teológicos. Já em Lisboa, dedicou-se ao jornalismo, envolvendo-se em tentativas de derrube da monarquia. Chegou a estar preso, acabando por evadir-se e exilar-se em França, onde frequentou a Sorbonne. De regresso a Portugal, pelo início da Primeira Guerra Mundial, deu aulas e trabalhou na Biblioteca Nacional, ao mesmo tempo que ajudou a fundar a revista Seara Nova. Novas actividades conspiratórias levaram-no mais uma vez à prisão, o que originou segunda fuga para França (donde só regressaria em 1932, após uma amnistia). 
    Ao longo da sua vida, Aquilino Ribeiro teve uma intensa actividade literária (ficção, biografias, crónicas, ensaios, polémicas, tradução...). A primeira fase da sua obra romanesca, que se prolonga até 1932, é marcada pela sua origem rural. A partir daí, as personagens e os ambientes urbanos predominam, sempre com uma visão pessimista da existência humana. Exuberância do vocabulário, gosto por arcaísmos, regionalismos e termos da gíria popular, marcam os seus textos. Tudo isso contribui para a criação de um ambiente pesado, com o seu quê de barroco, à revelia da literatura urbana do século XX, o que o leva para fora de qualquer das tendências da sua época, colocando-o na literatura portuguesa num lugar à parte.

publicado por CREM Pereira Coutinho às 11:31

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