ESCOLA E.B. 2,3 PROF. ANTÓNIO PEREIRA COUTINHO

20
Abr 08


  O 25  DE ABRIL de SOPHIA  DE MELLO BREYNER ANDRESEN:

«Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo.»


 

Na próxima sexta-feira vamos mais uma vez festejar o Dia 25 de Abril de 1974.
 Os cravos vermelhos são o seu símbolo. Simbolizam a Liberdade, a Democracia, e o Sonho de um País mais Fraterno.
  « Não podemos ignorar »...*** por essa razão, aqui fica um pouco de História.

O 25 DE ABRIL E A CONSOLIDAÇÃO DA DEMOCRACIA PORTUGUESA


A Primavera Marcelista

Salazar foi afastado do poder em 1968, tendo sido substituído pelo Professor Marcelo Caetano. Nos primeiros tempos do seu governo, houve algumas tentativas de aplicar reformas que poderiam vir a mudar o regime.

No entanto, este período inicial, que ficou conhecido como «Primavera Marcelista», não durou muito tempo, regressando a repressão e a falta da liberdade. O descontentamento entre a população era cada vez maior. E porquê?

- A guerra colonial continuava sem solução à vista, o que era um verdadeiro escândalo, a nível nacional e internacional. - Não havia liberdade. As forças da oposição não puderam fiscalizar* o acto eleitoral de 1969 (eleição dos deputados à Assembleia Nacional); o voto continuou a não ser alargado a toda a população. Apesar disso, foram eleitos alguns independentes, nas listas da União Nacional, que defendiam as liberdades fundamentais e o fim da violência da polícia política - constituíam a chamada «ala liberal».

 


A Revolução de Abril
Preparando a Revolução

Entre os militares, crescia o descontentamento em relação ao regime de Marcelo Caetano. A guerra colonial prolongava-se e, nas Forças Armadas, começava a tomar forma um movimento que pretendia apresentar soluções para acabar com a guerra. Um grupo de oficiais formou, em 1973, o Movimento das Forças Armadas (M.F. A.), que, no maior segredo, começou a preparar um golpe de estado. Estes oficiais eram bastante jovens e, por isso, o M.F.A. começou por ser conhecido como «Movimento dos Capitães».



O Dia da Liberdade

No dia 24 de Abril de 1974, cerca das 23h, os Emissores Associados de Lisboa transmitiram a canção «E Depois do Adeus», cantada por Paulo de Carvalho; foi o sinal combinado para o início da operação militar. Mais tarde, já na madrugada do dia 25 de Abril, a Rádio Renascença transmitia «Grândola, Vila Morena», de José Afonso; estava confirmado o desencadear* da revolução que iria pôr fim a 48 anos de ditadura ( no final deste texto,  são apresentadas as letras destas canções-senhas do 25 de Abril).

O capitão Fernando Salgueiro Maia, partindo de Santarém à frente de uma coluna de tanques, entrou em Lisboa e tomou a Praça do Comércio; no Largo do Carmo, conseguiu a rendição* de Marcelo Caetano, refugiado no quartel da G.N.R.

 

E o povo saiu à rua



  Uma das preocupações do M.F.A., no dia 25 de Abril de 1974, era manter a população informada do que estava a acontecer. Por isso, foi importante ocupar as estações de rádio e, também, os estúdios da R.T.P, a única estação televisiva, nessa época. Durante todo o dia, a televisão e as rádios transmitiram comunicados do M.F.A. e marchas militares. Também os jornais deram notícia do que estava a acontecer.

  Alguns dias depois, no dia 1 de Maio de 1974, a população portuguesa saiu à rua para participar na grande festa da liberdade. Comemorava-se o Dia do Trabalhador. Nessa data, ouviram-se palavras de ordem como: «O povo está com o M.F.A.» ou «O povo unido jamais será vencido».

  Em Portugal, durante o Estado Novo, foram proibidos os desfiles de trabalhadores no 1.º de Maio. Desde 1974, é feriado nacional.


  As mudanças da Revolução Derrubado o regime do Estado Novo, tornava-se necessário e urgente assegurar a ordem e o governo do país. Formou-se, na noite de 25 para 26 de Abril de 1974, uma Junta de Salvação Nacional, presidida pelo então general António de Spínola; este deu a conhecer o programa do M.F. A. e os objectivos da revolução. A 15 de Maio foi nomeado o 1.º Governo Provisório.


 

 

  A Junta de Salvação Nacional era composta por sete elementos. Nesta fotografia podemos ver, da esquerda para a direita: os almirantes Rosa Coutinho e Pinheiro de Azevedo, e os generais Costa Gomes, António de Spínola, Jaime Silvério Marques e Galvão de Melo. O general Diogo Neto, também membro da Junta, encontrava-se, na altura, em Moçambique.

  O programa do M.F.A. tinha três objectivos fundamentais: Descolonizar, Democratizar e Desenvolver. O fim da guerra colonial tinha estado na origem do Movimento e era, por esse motivo, uma das questões mais importantes. Para além disso, era fundamental restabelecer a liberdade e assegurar as bases de um novo regime que ajudasse ao desenvolvimento da sociedade portuguesa.



 


A descolonização

Países que nascem

  Logo após a Revolução do dia 25 de Abril, a questão colonial voltou a estar na ordem do dia. De um modo geral, a população exigia o fim da guerra e o «regresso dos soldados».

Também o governo português considerava necessária a descolonização; Portugal reconhecia o direito à independência das colónias.

  Desta forma, ainda no ano de 1974, começou o processo de descolonização. Este processo obrigou à realização de negociações e resultou no nascimento de cinco novos países africanos.

  A República da Guiné-Bissau foi o primeiro país a tornar-se independente, no dia 10 de Agosto de 1974. Seguiram-se: - República Popular de Moçambique - 25 de Junho de 1975; - República de Cabo Verde - 5 de Julho de 1975; - República Democrática de S. Tomé e Príncipe - 12 de Julho de 1975. - República Popular de Angola - 11 de Novembro de 1975.

Apesar de independentes, estes novos países continuaram a manter relações de amizade com Portugal, conservando o português como língua oficial; por isso são conhecidos como P.A.L.O.P. (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa).


O regresso

  Com a independência das antigas colónias, muitos portugueses que lá residiam e trabalhavam, temendo pelas suas vidas e bens, regressaram a Portugal Continental e Insular (Madeira e Açores). Chamaram-lhes «retornados» embora, na sua maioria, se tratasse de cidadãos já nascidos em África, filhos ou netos de colonos. Em alguns casos, tratava-se mesmo de famílias africanas que mantiveram a nacionalidade portuguesa e escolheram viver em Portugal.

  A vinda de tantas pessoas (entre 500 000 e 700 000) criou problemas graves:

- para a sociedade portuguesa, que tinha dificuldades em integrar um número tão grande de indivíduos; - para os «retornados», que tiveram, em alguns casos, muitas dificuldades para conseguir casa ou emprego. Com o tempo, as dificuldades foram sendo ultrapassadas; algumas pessoas integraram-se na sociedade portuguesa, outras emigraram para outros países, sobretudo para o Brasil.


Duas excepções

  Quando aconteceu o 25 de Abril de 1974, Portugal mantinha, sob a sua administração, dois territórios no Extremo Oriente: Macau e Timor Leste.

Macau continuou sob administração portuguesa até ao dia 19 de Dezembro de 1999, data em que passou a estar integrado na República Popular da China.

  Quanto a Timor Leste, foi invadido por tropas indonésias no dia 7 de Dezembro de 1975. Mais tarde, o território foi considerado, pela Indonésia, a sua 27.a província. O povo timorense lutou, durante 24 anos, pela liberdade e pelo direito de decidir do seu destino. Este foi alcançado através do referendo, realizado no dia 31 de Agosto de 1999; nascia um novo país - Timor Leste.


Emília Maçarico, Helena de Chaby e Manuela Santos
Texto editora


1ª Senha do 25 de Abril de 1974

" E depois do adeus"

 

 

  

                        http://br.youtube.com/watch?v=89LBNSX_vig

                   ( abrir em nova janela e minimizar para ouvir a música e continuar na mesma pégina)                                                           

Quis saber quem sou
O que faço aqui  

Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.

Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu
te sofro, em mim
Eu
te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder

Tu vieste em flor
Eu
te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu
nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci

E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua
paz
Que perdi
Minha dor que aprendi
De novo vieste em flor
Te
desfolhei…

E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós.



Paulo de Carvalho,

com letra de José Niza e

música de José Calvário

 
2ª Senha do 25 de Abril de 1974
"Grândola, vila morena"

http://br.youtube.com/watch?v=PBK7bd3UYow

( abrir em nova janela e minimizar para ouvir a música e continuar na mesma pégina)



 

 

“Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade
Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade
Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade”


Letra e Música de José Afonso

 

Cantata de paz ***

Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar
Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar

Vemos, ouvimos e lemos
Relatórios da fome
O caminho da injustiça
A linguagem do terror

A bomba de Hiroshima
Vergonha de nós todos
Reduziu a cinzas
A carne das crianças

D'África e Vietname
Sobe a lamentação
Dos povos destruídos
Dos povos destroçados

Nada pode apagar
O concerto dos gritos
O nosso tempo é                                                            
Pecado organizado.


Sophia de Mello Breyner Andresen

Venham visitar a nossa pequena exposição sobre o 25 de Abril de 1974, que estará patente no CREM até 2 de Maio e tragam os vossos trabalhos.

 



Maria F.

publicado por CREM Pereira Coutinho às 14:11
sinto-me:

CANTAR A LIBERDADE

«Trova do Vento que Passa»

Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.

Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.

Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.

Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.

Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.

Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.

E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.

Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.

Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).

Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.

E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.

Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.

E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.

Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.

Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.

Manuel Alegre
Manuela Gomes a 22 de Abril de 2008 às 00:23

Manela ,
A equipa do CREM é que te dá PARABÉNS , deseja-te um dia muito feliz e agradece o teu contributo com a "Trova".
Obrigada
Dalila, Mª Fernanda e Isabel Azevedo

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